quinta-feira, 22 de maio de 2014

Acordos entre China e Rússia alteram equilíbrio econômico mundial




Por Redação Correio do Brasil, com agências internacionais - de Moscou e Pequim 21/5/2014 





China e Rússia assinaram, nesta quarta-feira, um acordo de US$ 400 bilhões para o fornecimento de gás, assegurando ao maior consumidor de energia do mundo uma fonte mais limpa e abrindo um novo mercado para Moscou, que deverá retribuir às sanções impostas pela diplomacia norte-americana e europeia com a suspensão de contratos de fornecimento do combustível à zona do euro. Outros acordos, nas áreas militar e financeira, deslocam o centro de gravidade da economia mundial e o dólar, a moeda norte-americana, referência no comércio mundial, passará a ser gradativamente substituída por rublos e yuans (renminbi).

O aguardado acordo é um trunfo político para o presidente russo, Vladimir Putin, que busca parceiros na Ásia, uma vez que Europa e EUA optaram por seu isolamento, após a península da Crimeia, na Ucrânia, optar pela nacionalidade russa. Mas, do ponto de vista comercial, muito depende dos preços e de outros termos não revelados do contrato, que levou mais de uma década para ser fechado.

– Este é o maior contrato da história do setor de gás da ex-União Soviética. Através de um compromisso mútuo nós conseguimos alcançar termos não apenas aceitáveis, mas sim satisfatórios para ambos os lados. Estamos, no fim, contentes pelo compromisso alcançado sobre o preço e outros termos. Quero salientar que um árduo trabalho foi feito no nível de especialistas. Nossos amigos chineses são negociadores difíceis – disse Putin, após a assinatura do acordo com seu colega Xi Jinping em Xangai entre as estatais Gazprom e China National Petroleum Corp (CNPC), ressaltando que as negociações se estenderam até as 4h.

O presidente da Gazprom, Alexei Miller, preferiu não revelar os valores em que o acordo foi fechado, mas fontes de companhias envolvidas disseram que a Gazprom recusou valor abaixo de US$ 350 por mil metros cúbicos. Isso se comprara com o intervalo de preços entre US$ 350 e US$ 380 que a maior parte dos europeus paga em contratos de longo prazo assinados nos últimos dois anos.

Gestão militar

Não apenas na área de energia, mas no setor militar também, a Rússia e a China irão desenvolver a cooperação e contatos entre os ministérios da Defesa, como resultado da visita de Vladimir Putin à China. Essa cooperação é um importante fator para a estabilidade e segurança na região e em todo o mundo, sublinhou o presidente russo no final das conversações com o seu homólogo chinês Xi Jinping, realizadas em Xangai.

As visitas russo-chinesas ao mais alto nível nunca são acompanhadas de informações sobre novos contratos na área da cooperação técnico-militar. As questões práticas raramente são refletidas nos documentos finais, eles apenas sublinham a importância da cooperação nessa área. O acontecimento fundamental para a cooperação técnico-militar russo-chinesa são os encontros da comissão intergovernamental para a cooperação militar, cujos co-presidentes são os ministros da defesa. Esses encontros se realizam normalmente em outubro-novembro de cada ano.

Apesar de durante os encontros ao mais alto nível não se realizarem acordos concretos na área do comércio de armamento, os líderes dos dois países poderão abordar, durante as conversações, as dificuldades existentes na concretização de projetos ou acordar a abordagem de novas áreas. Neste momento há dois grandes negócios que estão numa fase mais desenvolvida: os fornecimentos à China de 24 caças Su-35 e de uma remessa de sistemas de mísseis antiaéreos S-400 (possivelmente até 12 divisões).

A dinamização da evolução dos trabalhos no âmbito desses dois acordos já se tinha notado nos meses anteriores. Até ao fim do ano poderão surgir os contratos e até meados de 2016 poderão ser realizados os primeiros fornecimentos. É possível que os líderes dos dois países se tenham conseguido entender para acelerar um pouco os trabalhos nessa direção. Simultaneamente prosseguem os trabalhos no projeto do fornecimento à China de quatro submarinos da classe Amur-1650, sendo dois deles construídos na Rússia e dois na China. Depois de terminada a definição do equipamento técnico dos submarinos, se pode igualmente esperar a assinatura desse contrato.

Nas atuais condições da situação política, poderá ser discutida provavelmente a correção da anterior abordagem cautelosa, por parte da Rússia, da cooperação técnico-militar com a China. É possível que a importância deste encontro ao mais alto nível seja precisamente o registrar dessa nova realidade, enquanto os acordos específicos deverão ser abordados nos meses seguintes durante 2014.


Sanções contra a Rússia agilizam a formação de novo mercado financeiro

Por Redação Correio do Brasil, com agências internacionais - de Moscou  25/3/2014


Peskov falou sobre a formação de um mercado financeiro independente

As sanções anunciadas pela União Europeia e EUA contra a Rússia também voltaram a mexer com o mercado investidor, nesta terça-feira, após uma entrevista com o porta-voz do Kremllin, Dmitry Peskov. A Rússia voltou a cogitar a formação de um mercado financeiro paralelo ao de Wall Street, com negociações realizadas em moedas como o rublo, o yuan e o real, em resposta às pressões do Ocidente contra a anexação do Estado independente da Crimeia.

Segundo Peskov, as sanções contra a Rússia foram “o último gatilho” para a criação de um sistema financeiro independente, baseado na economia real. Segundo afirmou, “o mundo está mudando rapidamente”.

– Quantas civilizações cresceram e se extinguiram no curso da História? Quem está apto a resistir à pressão de um sistema perto da falência e indicar ao seu povo o caminho para o futuro? A possibilidade de um novo sistema financeiro independente do dolar, que segue perto de um colapso após a crise de 2008 será uma consequência das sanções contra a Rússia que, doravante, passará a reforçar seus laços econômicos com o países do BRICS, em particular com a China, que é dona de grande parte da dívida externa norte-americana – afirmou.

O mundo, hoje em dia, segundo análise do porta-voz do governo russo, “deixou de ser bipolar” e países como Brasil, Índia, China e África do Sul, que integram o BRICS, juntos com a Rússia, representam 42% da população mundial e cerca de um quarto da economia, o que coloca este bloco como um importante ator global. As sanções determinadas pelo Ocidente “podem significar uma grande catástrofe para os EUA e os europeus, no futuro”, acrescentou Peskov.

A discussão sobre um novo sistema financeiro, no entanto, não começou agora. Desde a formação do BRICS, há mais de uma década, estuda-se a possibilidade de se formar um novo mercado, que aceite outras moedas, e não apenas o dólar norte-americano, na liquidação dos negócios. Os países que integram este bloco estão todos de acordo com os princípios legais, em nível mundial, e o volume de negócios entre estas nações tem batido novos recordes a cada ano, nas mais diferentes áreas.

Com o objetivo de modernizar o sistema econômico global, que tem no centro dele os EUA e a UE, os líderes do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul criaram o BRICS Stock Alliance, um embrião deste novo mercado sem o dólar, e têm desenvolvido mecanismos bancários capazes de financiar seus grandes projetos de infraestrutura.

Apesar do ceticismo dos mercados formais, “estes países têm mostrado bons resultados em suas balanças comerciais”, concluiu


 



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